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  • Foto do escritorAndressa Alcântara

A substituição por compostos lácteos pela indústria alimentícia e a propagação da desinformação



A substituição nas fórmulas originais dos produtos tem gerado uma espécie de desinformação no setor alimentício e os consumidores são os que mais acabam sofrendo. Em suma, o que está por trás desse fenômeno, conforme aponta o jornalista da BBC News Brasil, André Biernath, é o aumento do preço do leite.

Biernath, escreveu em agosto de 2022, matéria na BBC News Brasil denunciando as novas bebidas lácteas que surgiram no mercado. Tanto especialistas como compradores relataram que “houve um aumento na oferta de opções que substituem parte do leite por outros ingredientes, como o soro de leite, o amido, o açúcar, a gordura vegetal e os aditivos químicos, como conservantes e aromatizantes”.

Em seguida a essa matéria, alguns dos principais veículos jornalísticos se posicionaram sobre o assunto. Como por exemplo, a Folha de São Paulo, a Mídia Ninja e o Joio e o Trigo, que foram responsáveis por reforçar essa denúncia. Eles relatam, em tom preocupante, alguns dos riscos que a indústria alimentícia traz com essas mudanças. Ao recorrer a estes produtos, que apesar de ter um atrativo para os clientes por possuir um preço mais baixo que o do leite, eles têm valor nutritivo inferior e a população pode estar ingerindo de maneira desinformada um produto nutricionalmente empobrecido pensando ser outro.

De acordo com a apuração feita pelo jornalista da Folha de São Paulo, Phillippe Watanabe, as empresas alimentícias fizeram essas mudanças de forma proposital. “Esses produtos são muito confusos entre si e, na nossa visão, os fabricantes deles, Nestlé, Danone e Mead Johnson Brasil, no Brasil e fora do Brasil, fabricam intencionalmente para confundir as pessoas”, aponta Igor Britto, diretor de relações do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC).

Já a matéria da BBC nos leva a questionar como os compradores estão lidando com esse tipo de produto, tendo em vista que muitas vezes estes consumem os chamados “compostos lácteos” sem saber. Dessa forma, Biernath chama atenção para o principal problema que essas bebidas lácteas têm gerado, conforme especialistas. “Vários desses alimentos lácteos "alternativos" têm uma embalagem muito similar à original, trazem no rótulo elementos que remetem ao leite — como vacas, pastos, tonéis e líquidos brancos — e são colocados nas mesmas prateleiras que os produtos tradicionais”.

Segundo a pesquisadora Kennya Beatriz Siqueira, da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora (MG), “as movimentações recentes da indústria dos produtos lácteos têm a ver com a crise financeira, a inflação e a escassez de matéria-prima no mercado”. A reportagem da BBC relata ainda que há uma diminuição na produção do leite que sai das fazendas brasileiras.

Dessa maneira, pode-se afirmar que apesar da inflação ser o principal motivo do surgimento desses falsos alimentos, o que mantém eles em circulação são o interesse no lucro das grandes empresas. “Novos produtos têm menor custo pois grande parte do leite em sua composição é substituído por outros ingredientes, como açúcar”, diz a Rede de ativismo alimentar XEPA – responsável pela matéria do Mídia Ninja.


Fontes:

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62510188

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/06/industria-confunde-familias-com-formulas-e-compostos-parecidos-diz-instituto.shtml

https://midianinja.org/news/procon-sp-notifica-nestle-sobre-qualidade-de-novos-compostos-lacteos-que-imitam-produtos-originais/

https://ojoioeotrigo.com.br/2021/10/parece-mas-nao-e-tem-rotulo-de-leite-tem-marca-de-leite-mas-ninguem-conhece-pelo-nome/


 


Por Andressa Alcântara, jornalista e doutoranda no Instituto NUTES de Educação em Ciências e Saúde (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ
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