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  • GEDES/NUTES

Educação do Consumidor e Desinformação: Estratégias para Promover a Alimentação Saudável na Escola.





Neste relato de experiência trazemos com mais detalhes a vivência propositada por esta que teve por objetivo trazer informações, discussões e reflexões sobre os impactos da desinformação nas práticas de consumo alimentar. A mesma ocorreu nos dias 24 e 25 de agosto de forma presencial no polo universitário da UFRJ de Macaé e no dia 30 de agosto de forma remota. Organizado pelo grupo de Estudos sobre Desigualdades na Educação e na Saúde (GEDES) em parceria com o Centro de Formação Professora Carolina Garcia (CFCG), o evento foi destinado para profissionais da educação básica e para o público em geral.

O primeiro dia do evento foi destinado às palestras relacionadas a desinformação e a violação do direito do consumidor, abordando também os desafios para a promoção de uma alimentação saudável, considerando as dificuldades existentes na leitura e interpretação dos rótulos dos alimentos. Já o segundo dia, esteve dirigido à construção em grupo de possíveis práticas político-pedagógicas de promoção de alimentação saudável, considerando seus impactos, os direitos coletivos e individuais inclusos, com isso, oportunizando a construção de uma nova concepção de consumo responsável e saudável ou não.

A transcorrência do diálogo do GEDES com a comunidade inscrita no segundo dia, propondo a formação de grupos de trabalhos (GDs), favoreceu a horizontalidade do diálogo, no sentido de ouvir as diversas vozes nas análises do discurso se atentando principalmente ao lugar de fala de onde essas vozes ecoam. Também levou em consideração a subjetividade, a troca de conhecimento e a construção conjunta de práticas para intervir no mundo (FREIRE, 2021[1979]).

Importante enfatizar esta abordagem e não só estudar/analisar essa comunidade, enquanto como objeto de estudo, mas por compreender se tratar de pessoas contando suas próprias narrativas (XAVIER, 2019), na crença de que as narrativas desinvisibilização das intelectualidades, impulsionam experiências, inspiram e, sendo assim, promovem ações transformadoras no universo.

Neste contexto, os GDs como ferramenta teórico metodológica da oficina foram muito potentes, pois as pessoas envolvidas desenvolveram e formaram suas opiniões de forma coletiva através do diálogo. Os participantes da oficina trocaram opiniões e experiências entre si e com isso, se colocaram à disposição para falar e ouvir, entender e buscar fundamentos para concordar ou não com o que é dito, permitindo novas formas de compreender o tema e aprender uns com os outros. Assim, buscaram um entendimento através das percepções de cada indivíduo e que outras formas de pensar podem enriquecer e contribuir um ponto de vista pessoal, sendo importante na formação das opiniões.

Isso trouxe uma maior compreensão e encorajamento de cada um expor suas ideias e de se sentirem envolvidos de forma prática diante dos problemas e desafios apresentados. Destacamos a importância deste processo de mudança e de rearranjo na compreensão dos participantes sobre o tema e o processo de analisar e formar opiniões, incluindo valores pessoais e a tomada de decisões no que diz respeito às práticas desinformativas e de consumo alimentar.

Por meio dos GDs surgiram propostas de enfrentamento à era do consumidor imediatista, promovida diversas vezes pelo fast-food e embalados que deterioram o ambiente e a saúde humana. Entre as propostas, os participantes de um dos grupos em questão trocaram contatos e criaram um grupo em aplicativo de mensagem instantânea e desenharam uma plataforma de ações a serem realizadas por si próprios após a oficina. Entre essas ações, constava o interesse na elaboração de estratégias ao fomento do consumo alimentar saudável nas escolas que seriam levadas à bancada legislativa e ao executivo do município, por exemplo.

Quanto ao outro grupo, sinalizaram o interesse por desenvolver planos de ações escolares in loco, traçando uma redefinição de consumo alimentar saudável diariamente em suas escolas, suas casas, seu bairro. Nesse caso, destacamos, por exemplo, a construção de hortas comunitárias envolvendo os educandos em práticas ambientais e a comunidade local, buscando a apropriação de consumo e cuidado para com a mesma para posteriormente expandir para proposições no âmbito municipal.

Por conseguinte, um breve relato do GD 2 (turno da tarde), chamou muito a nossa atenção no sentido de observar as práxis transformadoras fomentadas fora dos muros institucionais da academia. A participante compartilhou as ações de alimentação saudável dispostas no colégio onde a mesma atua como docente: “Sou professora na Serra e nós plantamos na escola, fazemos uma horta, onde os alunos mexem com a terra e ficam maravilhados quando colhem a hortaliça que plantou, consome (...) e ainda dá opiniões sobre a semente de alguma outra depositada nos cantos das ruas" (Participadora A13, docente da educação básica, moradora da serra macaense).

Nesse ínterim observa-se que embora as questões sejam pautas constantes dentro da academia, as comunidades fora dela também estão tão engajadas quanto, nas esferas de alimentação saudável, cultura e pedagogia problematizadora.

Portanto, alimentar-se bem é muito importante, mas não depende só de você. Juntos somos milhares de vozes de consumidores lutando pelos nossos direitos frente ao poder público e econômico. Precisamos de leis, políticas e incentivos para garantir esse direito a todos os consumidores sem distinção, juntamente com a valorização da cultura alimentar local.


REFERÊNCIAS:

FREIRE, Paulo [1979]. Extensão ou comunicação?. Editora Paz e Terra, 2021.
XAVIER, Giovana. Você pode substituir mulheres negras como objeto de estudo por mulheres negras contando sua própria história. Malê, 2019.

 


Por Jheniffer Vasconcellos de Souza Pereira, bióloga, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Macaé, RJ





Renata Souto da Silva Espolador, professora da Educação Básica, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Rio das Ostras, RJ.





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